Pensar em inclusão é
considerar que todas as pessoas devem ter acesso e participação nos diferentes
contextos sociais, com equidade de condições, tendo respeitadas suas
características individuais. Diferente de outros tipos de deficiência, a
intelectual, quando não atrelada a alguma síndrome, como Down, por exemplo,
dificilmente será percebida quando considerados apenas os aspectos físicos.
Isso porque, nessa condição, a alteração/comprometimento está presente no
funcionamento cognitivo. Ela pode estar associada a diferentes tipos de
síndromes, ou se apresentar de maneira isolada. Apesar do avanço dos estudos
acerca dessa temática, há muitos casos de deficiência intelectual sem
especificação, ou seja, ocorrência por causa desconhecida.
Desse modo, não é possível
determinar que toda a pessoa com deficiência intelectual tenha algum tipo de
lesão conhecida e localizada no cérebro. Além disso, ela não deve ser
considerada apenas por seus aspectos biológicos. E, o mais importante, não é
possível saber quais são os limites de desenvolvimento de cada sujeito com essa
condição. A deficiência intelectual é uma área bastante complexa, por isso, seu
diagnóstico e definição passam por constantes mudanças e revisões conceituais.
Com isso, ela é, por vezes, confundida, por exemplo, com casos de transtornos
globais de desenvolvimento ou de transtornos funcionais específicos – o que
engloba dislexia, discalculia, transtorno de déficit de atenção, entre outros,
apesar dessas condições também interferirem em habilidades sociais e processos
de aprendizagem, não são caracterizadas como DI, já que apresentam
características e definições específicas.
Outra situação que causa
confusão, talvez a mais comum, é a paralisia cerebral. Aqui cabe uma
explicação: a paralisia cerebral (PC) enquadra-se no grupo de deficiência
física e é a decorrência de uma lesão no sistema nervoso central que acarreta
em desordem no desenvolvimento motor, causando limitações físicas e na
comunicação oral. Desse modo, não necessariamente o sujeito com PC apresentará
deficiência intelectual (JORNAL DA AME, 2007).
Saber quais são causas que
contribuem para o desenvolvimento da deficiência, do ponto de vista biológico e
sociocultural, e as possíveis formas de prevenção, constituem-se em
possibilidade de oferecer apoio e informação às famílias de crianças com essa
condição de deficiência, educação em saúde para a comunidade, além de
conhecimento mais aprofundado. As informações quanto à etiologia da DI servem
como ampliação de conhecimento sobre a questão biológica da deficiência sem,
contudo, limitar ou restringir o entendimento sobre essa área tão complexa, de
maneira clínica. A deficiência intelectual não é uma doença; ela se apresenta
como uma condição, uma característica da pessoa.
A pessoa com
deficiência intelectual deve ser percebida em sua totalidade, qual seja, como
um sujeito biopsicossocial. Com isso, para que possamos trabalhar de maneira
adequada com crianças ou adultos que apresentam algum tipo de deficiência ou
outro comprometimento, em ambientes escolares e contextos não escolares, é
importante considerar seu desenvolvimento sociocultural, suas habilidades e,
assim, delinear ações, buscando sempre contribuir para o desenvolvimento do
sujeito, contudo sem estabelecer comparações com os demais.