quinta-feira, 23 de abril de 2020

Deficiência Intelectual

Pensar em inclusão é considerar que todas as pessoas devem ter acesso e participação nos diferentes contextos sociais, com equidade de condições, tendo respeitadas suas características individuais. Diferente de outros tipos de deficiência, a intelectual, quando não atrelada a alguma síndrome, como Down, por exemplo, dificilmente será percebida quando considerados apenas os aspectos físicos. Isso porque, nessa condição, a alteração/comprometimento está presente no funcionamento cognitivo. Ela pode estar associada a diferentes tipos de síndromes, ou se apresentar de maneira isolada. Apesar do avanço dos estudos acerca dessa temática, há muitos casos de deficiência intelectual sem especificação, ou seja, ocorrência por causa desconhecida.

Desse modo, não é possível determinar que toda a pessoa com deficiência intelectual tenha algum tipo de lesão conhecida e localizada no cérebro. Além disso, ela não deve ser considerada apenas por seus aspectos biológicos. E, o mais importante, não é possível saber quais são os limites de desenvolvimento de cada sujeito com essa condição. A deficiência intelectual é uma área bastante complexa, por isso, seu diagnóstico e definição passam por constantes mudanças e revisões conceituais. Com isso, ela é, por vezes, confundida, por exemplo, com casos de transtornos globais de desenvolvimento ou de transtornos funcionais específicos – o que engloba dislexia, discalculia, transtorno de déficit de atenção, entre outros, apesar dessas condições também interferirem em habilidades sociais e processos de aprendizagem, não são caracterizadas como DI, já que apresentam características e definições específicas.
Outra situação que causa confusão, talvez a mais comum, é a paralisia cerebral. Aqui cabe uma explicação: a paralisia cerebral (PC) enquadra-se no grupo de deficiência física e é a decorrência de uma lesão no sistema nervoso central que acarreta em desordem no desenvolvimento motor, causando limitações físicas e na comunicação oral. Desse modo, não necessariamente o sujeito com PC apresentará deficiência intelectual (JORNAL DA AME, 2007).
Saber quais são causas que contribuem para o desenvolvimento da deficiência, do ponto de vista biológico e sociocultural, e as possíveis formas de prevenção, constituem-se em possibilidade de oferecer apoio e informação às famílias de crianças com essa condição de deficiência, educação em saúde para a comunidade, além de conhecimento mais aprofundado. As informações quanto à etiologia da DI servem como ampliação de conhecimento sobre a questão biológica da deficiência sem, contudo, limitar ou restringir o entendimento sobre essa área tão complexa, de maneira clínica. A deficiência intelectual não é uma doença; ela se apresenta como uma condição, uma característica da pessoa.
A pessoa com deficiência intelectual deve ser percebida em sua totalidade, qual seja, como um sujeito biopsicossocial. Com isso, para que possamos trabalhar de maneira adequada com crianças ou adultos que apresentam algum tipo de deficiência ou outro comprometimento, em ambientes escolares e contextos não escolares, é importante considerar seu desenvolvimento sociocultural, suas habilidades e, assim, delinear ações, buscando sempre contribuir para o desenvolvimento do sujeito, contudo sem estabelecer comparações com os demais.

AGOSTO LARANJA