Nunca é tarde para ser bom de bola e
professor
Morando
só com o avô em Quilombo e com dificuldade em se comunicar, em decorrência de
déficit intelectual, Diogo Meira Sagaz passou parte da vida isolado.Foi somente
aos 18 anos de idade que ele começou a acompanhar os jogos de futsal, até ser
convidado para participar da escolinha do Departamento de Esportes de Quilombo.
Primeiramente, Diogo
começou a mostrar desenvoltura no gol, e logo, canhoto e de bom domínio de
bola, mostrou que tinha habilidade para também jogar na linha. Hoje é uma peça
importante no esquema de jogo do futsal de Quilombo, que pela primeira vez
disputa os Parajasc nesta modalidade.
E Quilombo estreou bem no
futsal para deficientes intelectuais (DI) dos Parajasc. Depois de aplicar uma
goleada de 6 a 3 sobre Joinville, na tarde de terça (15), a equipe voltou a
vencer bem na quarta, fazendo 8 a 1 no time de Jaraguá do Sul. Baixinho, mas de
muita força física, Diogo faz com perfeição o trabalho de pivô, abrindo espaço
para os companheiros finalizarem ou para ele mesmo, com seu chute potente.
Apesar da estreia do time
nos Parajasc, Diogo já participa do evento há cerca de oito anos. É que, nas
edições anteriores, Quilombo não conseguiu montar um time de futsal DI. E
convivendo no Departamento de Esporte, Diogo foi treinado também para jogar
tênis de mesa, modalidade que também não teve dificuldade de aprender e que o
levou ao bronze nos Parajasc de 2012.
E se Diogo não tem dificuldade
de aprender, ganhar uma bolsa de estudos integral na Unoesc de Chapecó não foi
difícil. Atualmente, aos 24 anos, ele cursa a oitava fase da faculdade de
Educação Física. Por praticamente não falar, ele dispõe de um segundo
professor, Jackson da Silva, oferecido pela universidade para auxiliar no
estudo, não só no que Diogo precisa entender, mas, principalmente, naquilo que
precisa expressar.
A falta de fala não impede
o garoto de ser sociável. Pelo contrário, com um estilo contagiante, que, por
exemplo, o faz comandar um jogo por gestos, Diogo demonstra que conhece do
assunto. Tanto é que sonha em ser professor e cumpre estágio na escolinha do
Departamento de Esportes de Quilombo, ao lado do professor e árbitro de futsal
Eider Lanzzarin.
“A deficiência é uma
limitação em apenas uma situação, mas que pode ser compensada em outros valores
e qualidades. Pessoas deficientes são mais humanas, mais educadas e carinhosas.
Nós temos de aprender com eles, e não eles conosco. Depois que passei a
trabalhar com o paradesporto, mudei minha forma de atuar, com mais calma e
tolerância”, observou
Mas
a principal comunicação no convívio com Diogo está no sorriso fácil e
convincente de seus momentos felizes, que não escondem verdades, como quando o
professor Lanzzarin comenta que as coisas que ele mais curte, além do futsal e
o tênis de mesa, são uma boa partida de truco e uma festa para se divertir e
dançar.
Texto: Heron
Queiroz/Ascom/Fesporte
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